Quem foi o nosso primeiro pioneiro?

Comemorando os 80 Anos de Apucarana, vêm à memória alguns objetos históricos perdidos, como o quadro de Nossa Senhora de Lourdes, que estava na primeira missa, ou a escultura gigante do Cristo, do escultor Ângelo Franco Perez, encomendada para a Catedral. No entanto, ainda mais importante, é trazer à memória alguns valores que não podem se perder com o tempo.

Ainda antes do descobrimento, muitos passaram por essa terras. Na colonização, vários acamparam aqui a serviço da CTNP. Joaquim Vicente de Castro foi o primeiro a construir uma casa em um terreno próprio nessas paragens. No Centenário da doação de terras do Estado ao senhor Castro, terras que recebeu em pagamento do projeto de estradas ligando várias partes do Estado, cabe recordar que seu lote chegava até Londrina e sua divisa com as terras da CTNP era, em parte, a atual Av. Curitiba. A medida de suas terras nos dá a medida do seu empenho. Castro foi um homem de trabalho.

Formado Engenheiro na primeira turma da Universidade do Paraná, Castro foi um homem inteligente. Por sua elevada consideração entre os pares, foi nomeado prefeito de Jacarezinho e de Londrina. Terminada a gestão, mudou-se para Apucarana em 1935. Entendeu que, com a chegada do loteamento da Companhia de Terras Norte do Paraná a Apucarana, precisava administrar suas terras nessa região.

Pioneiro de Apucarana, impulsionou o desenvolvimento da cidade com suas qualidades. “Anfitrião dos pioneiros”, destacou-se como um homem de acolhida, recebendo e dando pouso e parada a muitos pioneiros – como Carlos Schimidt e Manoel Reis. Acolheu em sua casa diversos homens que marcaram a história da cidade. Quando a terra nua aguardava as casas, Castro teve o senso prático de uma olaria para a venda de telhas e tijolos. Alavancou o povoado. Quando o ciclo do café prosperava, gerando comércio, fez loteamentos de bairros para quem vinha trabalhar na cidade. Fortaleceu o município. Quando os comerciantes prosperavam, entendeu que a cidade já havia atingido sua maturidade. O Consórcio Melhoramentos, que encabeçava, foi o responsável pelo Cine Fênix. Castro desejou que os cidadãos sonhassem com o Belo, a Cultura e a Arte.

Destacou-se por sua generosidade. A terra dava suas riquezas aos pioneiros. Castro, no entanto, deu suas riquezas a essas terras. Suas doações ajudaram a construção da Catedral, do Colégio São José e do Hospital Santa Teresinha. Benfeitor de várias Casas de Misericórdia e Asilos no Brasil, foi um homem prestativo e caridoso.

Pioneiro da mineração, suas indústrias prosperaram no Rio de Janeiro e suas empresas de minério em Minas Gerais. Pioneiro na mineração de cassiterita e pioneiro na extração de estanho em sistema eletrolítico, suas empresas contribuíram para a economia e para o emprego em três Estados. Na década de 50, foi um dos homens mais bem sucedidos no Brasil. Conhecido do Governador (o Interventor Manoel Ribas), amigo de um presidente eleito (Tancredo Neves), dono de um apartamento em Paris, Castro dizia que a sua “menina dos olhos” era Apucarana. Nunca se esqueceu da amizade. Com orgulho, podemos responder quem foi nosso primeiro pioneiro… Foi um homem de valores cristãos.

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